O hipertireoidismo consiste numa alteração de função da glândula tireoide, mais comumente causada por uma doença autoimune chamada Doença de Graves. A glândula tireoide se localiza no pescoço e é responsável principalmente pela produção dos hormônios T3 e T4, que interferem no funcionamento de todos os sistemas do nosso corpo. Na Doença de Graves, o nosso corpo produz anticorpos contra a glândula tireoide, induzindo o hiperfuncionamento dessa glândula. A produção excessiva dos hormônios causa sintomas como irritabilidade, queda de cabelo, alterações no ciclo menstrual, emagrecimento, sensação de calor, alterações no ritmo cardíaco e vários outros.

O tratamento do hipertireoidismo começa com medicações prescritas pelo endocrinologista, porém, existe uma chance de 30 a 50% de a doença retornar após 1 a 2 anos de tratamento. Além disso, algumas pessoas apresentam reações alérgicas ou efeitos colaterais preocupantes, como a queda no número de leucócitos (células brancas de defesa). Quando isso acontece, é indicado o tratamento definitivo com o iodo-131.

O iodo é utilizado pela glândula tireoide para a produção dos hormônios e a dieta é a fonte principal de obtenção. O iodo está presente no sal, em inúmeros alimentos e também em outros produtos de uso cotidiano, como cosméticos, medicamentos e meios de contraste utilizados para exames. Por esse motivo, o tratamento com iodo-131 requer um preparo que envolve a redução na quantidade da ingestão e do contato com esse elemento. Dessa forma, no dia da administração a glândula tireoide estará ávida pelo elemento administrado. Atenção: embora seja o mesmo elemento químico, o iodo da dieta não é radioativo! O iodo é administrado via oral e o paciente não precisa ficar internado. Após a captação do iodo-131 pela glândula, a radiação provocará uma reação inflamatória que destruirá o tecido tireoidiano e, em algum momento, o hipertireoidismo será convertido em hipotireoidismo. Essa mudança aconteceria de qualquer forma com a evolução natural do quadro. No entanto, a Doença de Graves oferece riscos à saúde e deve ser controlada o quanto antes. O ajuste hormonal após o tratamento é simples e deve ser controlado pelo endocrinologista. O tratamento com iodo-131 é muito eficaz e raramente é necessária outra dose.

O tratamento com iodo-131 é seguro, mas alguns cuidados devem ser tomados. Mulheres grávidas ou em aleitamento materno não devem ser submetidas ao tratamento. Recomenda-se aguardar 1 ano após o tratamento antes de engravidar. Algumas medidas são recomendadas para que o paciente não exponha outras pessoas à radiação e todas elas serão detalhadas na consulta com o médico nuclear e complementadas no dia da administração pelo físico.

https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-tireoide-2/;

https://bvsms.saude.gov.br/hipertireoidismo-2/;https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-hipertireoidismo/https://www.scielo.br/j/abem/a/k5s3N3nf4gs8DxDsnPWBQ3r/?format=pdf&lang=pt

The SNM Practice Guideline for Therapy of Thyroid Disease with 131I 3.0*. The Journal of Nuclear Medicine Vol. 53 No. 10 October 2012.

O câncer da tireoide é o mais comum no pescoço e o 5º mais comum nas mulheres. As mulheres têm risco 3 vezes maior que os homens e outros fatores que estão associados ao seu desenvolvimento são: exposição à radiação no pescoço, história familiar e dieta pobre em iodo. Os tumores apresentam normalmente crescimento lento e podem não causar sintomas por um longo período de tempo. A queixa mais comum é a sensação de uma “nodulação” na região cervical. Após confirmação do câncer de tireoide, normalmente pela punção guiada pela ultrassonografia, o tratamento indicado é a remoção cirúrgica completa da glândula (tireoidectomia total).

O iodo-131 está indicado após a cirurgia para complementação, eliminando possíveis células neoplásicas remanescentes, principalmente nos pacientes com tumores de risco intermediário e de alto risco.

O preparo e a via de administração (oral) são os mesmos do tratamento de hipertireoidismo, porém, no cenário do câncer de tireoide, pode ser necessária internação hospitalar, dependendo da “dose” utilizada. A internação, no entanto, dificilmente dura mais de 24 horas e o paciente frequentemente tem alta para casa ao final do dia. Já os tratamentos com “doses” mais altas tendem a se prolongar e devem ser realizados em regime hospitalar. Isso será definido na consulta com o médico nuclear.

As recomendações do hipertireoidismo também valem para o câncer de tireoide: mulheres grávidas ou em aleitamento materno não devem ser submetidas ao tratamento. Recomenda-se aguardar 1 ano após o tratamento antes de engravidar. Algumas medidas são recomendadas para que o paciente não exponha outras pessoas à radiação e todas elas serão detalhadas na consulta com o médico nuclear e complementadas no dia da administração pelo físico.

https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-tireoide-2/

https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-cancer-de-tireoide/

https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-tireoide;

SNMMI Procedure Standard/EANM Practice Guideline for Nuclear Medicine Evaluation and Therapy of Differentiated Thyroid Cancer: Abbreviated Version;
2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. THYROID Volume 26, Number 1, 2016.

É o 2º tumor mais comum nos homens e 75% dos casos acontecem após os 65 anos. Além da idade, outros fatores de risco são: história familiar (fatores genéticos), exposição a alguns produtos químicos (ex: arsênio, aminas aromáticas, derivados do petróleo) e o excesso de peso aumenta o risco de câncer de próstata avançado. Quando o tumor está localizado, tratamentos curativos como a cirurgia e radioterapia estão indicados. Porém, quando a doença é avançada, são necessárias outras estratégias para o tratamento das metástases, como a terapia de supressão hormonal e a quimioterapia.

Quando o paciente apresenta metástases ósseas e não “responde” mais à terapia de supressão hormonal (situação chamada de resistência à castração), o tratamento com o Xofigo® pode ajudar, especialmente no controle da dor secundária às lesões e na melhora da qualidade de vida.

O tratamento com o Xofigo® é simples e bem tolerado na maioria das vezes. Ele é realizado em 6 ciclos com intervalo de 30 dias entre eles. A medicação é administrada via intravenosa e o paciente é liberado para casa no mesmo dia. O rádio-223 (Xofigo®) se parece com o cálcio e se deposita nos locais de maior “consumo”, ou seja, nas lesões ósseas e ao seu redor. A radiação determina destruição de algumas células tumorais, ajudando no controle da dor. O paciente será monitorado entre ciclos com exames de sangue, já que a produção das células sanguíneas pela medula óssea é muito sensível à radiação.

Devido às características do tipo de radiação emitida pelo rádio-223, não são necessárias significativas medidas de isolamento. Devido à eliminação intestinal e urinária, alguns cuidados poderão ser necessários em relação à utilização do banheiro e / ou a fraldas e todas as orientações serão fornecidas na consulta com médico nuclear e complementadas no dia da administração pelo físico.

Instituto Nacional de Câncer (INCA). [online]. Assuntos. Notícias; 2022. [atualizado em 24 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2022/inca-estima-704-mil-casos-de-cancer-por-ano-no-brasil-ate-2025;

Instituto Nacional de Câncer (INCA). [online]. Estatísticas de câncer; 2022. [atualizado em 24 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer;

https://www.bayer.com.br/sites/bayer_com_br/files/2021-07/bula-paciente-xofigo.pdf;

ACR–ACNM–ASTRO–SNMMI PRACTICE PARAMETER FOR THE PERFORMANCE OF THERAPY WITH RADIUM-223. 2019 (Resolution 39)*

EANM guideline for radionuclide therapy with radium-223 of metastatic castration-resistant prostate cancer.  Eur J Nucl Med Mol Imaging 45, 824–845 (2018).

É o 2º tumor mais comum nos homens e 75% dos casos acontecem após os 65 anos. Além da idade, outros fatores de risco são: história familiar (fatores genéticos), exposição a alguns produtos químicos (ex: arsênio, aminas aromáticas, derivados do petróleo) e o excesso de peso aumenta o risco de câncer de próstata avançado. Quando o tumor está localizado, tratamentos curativos como a cirurgia e radioterapia estão indicados. Porém, quando a doença é avançada, são necessárias outras estratégias para o tratamento das metástases, como a terapia de supressão hormonal e a quimioterapia.

O tratamento com PSMA-Lutécio-177 está indicado para pacientes com câncer de próstata avançado que não respondem à terapia de supressão hormonal, mas, ao contrário do Xofigo®, não se restringe ao tratamento de lesões ósseas. Qualquer lesão metastática que apresente captação por esse radiofármaco é passível de ser tratada.

As administrações são divididas em 4 ciclos, a princípio, com intervalos de 6 a 8 semanas entre eles. Não há necessidade de internação: o paciente recebe a medicação via intravenosa e é liberado para casa. O PSMA, que é uma molécula normalmente presente na próstata, também está presente nas células tumorais e em maior quantidade (superexpressão). Ela se ligará às lesões e a radiação se encarregará de destruir o máximo possível das células doentes. O paciente será monitorado entre ciclos com exames de sangue, já que a produção das células sanguíneas pela medula óssea é muito sensível à radiação e também pode haver alteração nas funções hepática e renal.

Não são necessários significativos cuidados de isolamento, devido às características do tipo de radiação emitida, mas algumas medidas deverão ser tomadas com relação ao uso do banheiro em função da eliminação intestinal e urinária e todas as orientações serão fornecidas na consulta com médico nuclear e complementadas no dia da administração pelo físico.

Instituto Nacional de Câncer (INCA). [online]. Assuntos. Notícias; 2022. [atualizado em 24 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2022/inca-estima-704-mil-casos-de-cancer-por-ano-no-brasil-ate-2025;

Instituto Nacional de Câncer (INCA). [online]. Estatísticas de câncer; 2022. [atualizado em 24 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer;

https://pebmed.com.br/nova-terapia-para-o-cancer-de-prostata-avancado-chega-ao-brasil/;

EANM procedure guidelines for radionuclide therapy with 177Lu-labelled PSMA-ligands (177Lu-PSMA-RLT). Eur J Nucl Med Mol Imaging 46, 2536–2544 (2019).

Tumores neuroendócrinos formam um grande e heterogêneo grupo de tumores raros que cometem principalmente o trato gastrointestinal e o pâncreas e, menos frequentemente, o pulmão e as vias aéreas. Os sintomas variam com cada tipo de tumor e seu comportamento tende a ser indolente. O paciente pode se manter sem quaisquer sintomas por anos até o diagnóstico. O tratamento varia com a localização do tumor primário, com o seu tipo e com a sua extensão e pode incluir cirurgia, quimioterapia e outras medicações.

Os tumores desse grupo apresentam receptores, ou seja, locais de ligação, para a somatostatina, produzido normalmente pelo nosso organismo. O DOTATATO-Lutécio-177 é um radiofármaco que contém uma parte radioativa, o Lutécio-177 e outra não radioativa, o DOTATATO, que é uma molécula muito semelhante à somatostatina. Por esse motivo, pode se ligar às lesões tumorais e a radiação se encarregará de destruir o máximo possível de células. Esse tratamento está indicado para pacientes com tumores neuroendócrinos avançados, isto é, que apresentem metástases a distância e não responderam ao tratamento de 1ª linha.

Da mesma forma que o PSMA, as administrações são divididas em 4 ciclos, a princípio, com intervalos de 6 a 8 semanas entre eles. Não há necessidade de internação: o paciente recebe a medicação via intravenosa e é liberado para casa. Nesse tratamento, porém, a infusão da medicação é mais lenta e pode ser necessária permanência de cerca de 4 horas no serviço de medicina nuclear. O paciente será monitorado entre ciclos com exames de sangue, já que a produção das células sanguíneas pela medula óssea é muito sensível à radiação e também pode haver alteração nas funções hepática e renal.

Não são necessários significativos cuidados de isolamento, devido às características do tipo de radiação emitida, mas algumas medidas deverão ser tomadas com relação ao uso do banheiro em função da eliminação intestinal e urinária e todas as orientações serão fornecidas na consulta com médico nuclear e complementadas no dia da administração pelo físico.

http://www.oncoguia.org.br/cancer-home/tumores- neuroendocrinos/96/1179/;https://saude.novartis.com.br/tne/tratamento-dos-tumores-neuroendocrinos-cada-tumor-e-unico-e-cada-tratamento-tambem/;

The joint IAEA, EANM, and SNMMI practical guidance on peptide receptor radionuclide therapy (PRRNT) in neuroendocrine tumours. Eur J Nucl Med Mol Imaging 40, 800–816 (2013);
NANETS/SNMMI Procedure Standard for Somatostatin Receptor–Based Peptide Receptor Radionuclide Therapy with 177Lu-DOTATATE. Journal of Nuclear Medicine July 2019, 60 (7) 937-943.